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11.8.10

HTDA - How To Destroy Angels(2010)


Dentre os diversos fatores que levam uma banda de renome a encerrar suas atividades, talvez o mais comum seja o agravamento de diferenças criativas e pessoais entre seus integrantes. Quando o grupo em questão nada mais é que o nome artistico de um certo Trent Reznor, muitas questões são levantadas. Assim como grandes expectativas.

Maior expoente do rock industrial nos anos 90, o Nine Inch Nails - como Trent costumava ser conhecido até o ano passado - explorou diversos rumos ao longo de seu período de atividade.
Desde sua estréia com o synthpop obscuro de Pretty Hate Machine(1989), Reznor incorporou o art rock em The Downard Spiral(1994), e o rock progressivo, no duplo, denso e pinkfloydiano The Fragile(1999), mantendo no entanto, uma fidelidade quase obsessiva a certos elementos, que serviram como marca de autenticidade em cada projeto com o qual se envolvia.

Tanto preciosismo em entregar discos superproduzidos, que mobilizavam ao longo de anos dezenas de músicos, artistas plásticos, sound designers e o próprio Reznor - que a certa altura se mudara de vez para dentro do estúdio - refletiu em uma subita mudança de rumo tomada na década seguinte.

Optando por deixar a parafernália do estúdio de lado para compor - e gravar - com seu laptop, Year Zero(2006), marca uma nova fase tomada pelo minimalismo, o emprego excessivo de noise e o flerte com a IDM de grupos como Aphex Twin.
Daí em diante Reznor passa a lançar discos quase anualmente, e a apresentar uma esquizofrenia que gera álbuns quádruplos instrumentais em um ano, e no seguinte, seu derradeiro trabalho The Slip(2008), cuja única pretenção parece ser a de soar o mais despretencioso possível.

Ao anunciar seu novo projeto, era natural que uma grande expectativa o antecipasse.
- Em que consistiria o disco que não se encaixava mais em um rótulo que já havia permitido todas as re-invenções possíveis?

A resposta a essa pergunta, surge sob o nome de HTDA - seguindo a predileção de Reznor por acrônimos - e traz o músico ao lado de seu colaborador de longa data Atticus Ross, e sua atual esposa Mariqueen Reznor nos vocais.
Basicamente o que se ouve no EP de 6 faixas é a sonoridade familiar aos últimos discos do NIN, dessa vez tendo como inovação um vocal feminino, que diga-se de passagem, deixa muito a desejar.

O disco abre com a carregada The Space in Between, que instrumentalmente prossegue do ponto em que Reznor havia parado. O interessante dos vocais, que provavelmente é a razão de tanto incômodo quando surgem, é o fato de parecerem ser perfeitos para a voz de Reznor. Confesso que enquanto ouvia a música, decidi imaginar a substituição, e só aí melhorei minha posição quanto ao pontencial da mesma.

Existem bons momentos no EP, que por mais simplório que seja, é fruto de músicos criativos e competentes, que com um talento louvável para salvar barcos naufragando, abordam desde o noise mais caótico em Parasite, ao electro clean e dançante em Fur Lined.
BBB traz um dueto de Reznor e Mariqueen, e nessa faixa ela parece finalmente se sentir mais à vontade, em um desempenho que com um pouco de boa vontade, pode até mesmo ser descrito como sexy.

The Believers poderia ser facilmente confundida com uma faixa perdida de Year Zero - e talvez seja - com seus barulhos dispersos e seu interlúdio psicodélico, onde um sintetizador é programado em tempo real até se transformar em uma máquina de pimbal, e mais uma vez revela os vocais de Reznor em segundo plano, sempre prontos para dar um suporte à esposa.

O disco consegue se salvar no final com A Drowning.
Livre de experimentos fora de controle, ela mantém uma estrutura simples, ainda que bem acabada, apoiada em um piano sustentado por belas texturas, que crescem até dar abertura ao riff de guitarra que, talvez, represente o melhor momento do disco.
Dentre todas as faixas, essa provavelmente possui o desempenho mais inexpressivo de Mariqueen. Felizmente Atticus e Reznor conseguem mais uma vez salvar a música, direcionando a atenção do ouvinte para o instrumental, e encerrando o disco com a impressão de que ainda que nada inovador, o projeto possui boas chances se um divórcio - musical - sair a tempo. BZ


Gênero: pós-industrial/dark ambient
Lançamento: Junho de 2010
Produtor: HTDA
Selo: The Null Corporation
Para ter uma idéia, ouça The Space in Between, The Believers e A Drowning
Assista o video oficial de The Space in Between

Um comentário:

Anônimo disse...

Concordo.
E minha opinião sobre a banda está aqui e foi elaborada antes mesmo do EP ser lançado:
http://elfenqueen.wordpress.com/2010/05/09/how-to-destroy-music-siouxsie-and-the-banshees

continuo tendo a mesma opinião.