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4.10.10

Eric Taylor - Lines We Wrote In Spring(2010)


Ao final da primeira década do século XXI, parece difícil se animar a ouvir um trabalho rotulado como folk de um artista novo, sem se desanimar ao pensar nos tantos expoentes do chamado neo folk que tem desfilado por aí nos últimos anos.
Se existe algo que eu posso dizer para encoraja-lo, é que de neo Eric Taylor não tem nada.

Ele remete sim a clássicos como Dylan, Nico e mesmo figuras mais recentes como Elliott Smith, mas o faz sem os maneirismos insistentes de artistas atuais do gênero, preocupando-se sim em transmitir as músicas de uma maneira honesta e focada na mensagem, características muito mais importantes na definição do folk que qualquer elemento melódico.

O EP de estréia abre com a bela Black River, e carregada, a faixa trás uma resposta não tão ensolarada àquele que um dia se questionou quanto ao futuro.
Taylor parece dialogar com alguma versão sua do passado, contando sobre um mundo marcado pela indiferença, que une na mesma roda amigos e totais desconhecidos, uma tarefa bem executada por uma interpretação vocal honesta e direta.
A melodia composta quase que unicamente por violão e voz dá o tom certo para acompanhar o sentimento de solidão imposto pela letra, e quando o arranjo dá lugar a eventuais incursões de bateria, piano e flauta, estes não surgem para amenizar o peso da música, mas para sustenta-lo, acompanhando a música de maneira discreta ainda que eficiente.

The Endless Sound of Greatness flerta com o romantismo sob uma perspectiva autocrítica o bastante para afastar a letra de um rumo meloso, com tiradas sarcásticas ao final de cada declaração idealista.
Como na faixa anterior, surpresas surgem após metade do caminho, garantindo que a música não caia em um rumo previsível.

A segunda metade do disco revela um aspecto mais descontraído das composições de Taylor.
A balada folk de The Spinning of the World, embalada por uma bateria mais presente, bons fraseados de gaita e um refrão poderoso com um quê de Rolling Stones fala sobre amores imperfeitos, e prepara o ouvinte para a última faixa do disco. The Few Ones Who Are Free trás consigo um resumo das melhores características de cada faixa, e com uma linha simples e descontraída, fecha o EP que começa triste, com reticências que só parecem render ao ouvinte uma conclusão sobre o futuro: boas coisas virão.


Gênero: folk
Lançamento: Setembro de 2010
Produtor: Eric Taylor
Selo: independente
Para entender melhor esse blá blá blá todo, não perca tempo e baixe o disco com o aval do artista em sua página do CampBand

27.8.10

preview: The Dogbones


Fundador do Daisy Chainsaw, um dos mais divertidos e originais grupos do rock alternativo dos anos 90, Crispin Gray retorna às origens ao lado da riot grrrl Nomi Leonard, em seu novo projeto intitulado The Dogbones.
O primeiro disco tem lançamento marcado para o final do ano, e a julgar pela agenda de shows lotada, e pelo primeiro single All Your Friends(Are Going to Kill You), tem tudo para conquistar território além da cena londrina. Fãs de bandas como The Distillers, Bikini Kill, e principalmente saudosistas da onda de destruição promovida pelo Daisy Chainsaw, devem encontrar aqui a anarquia que procuram. BZ

Acompanhe notícias sobre o grupo pelo myspace: The Dogbones

26.8.10

Klaxons - Surfing the Void(2010)


Os Klaxons devem muito ao gato da foto.
A imagem, entregue à mídia algum tempo antes do lançamento do disco, se revelou bastante eficiente como o chamariz que a banda precisava para distrair o público, enquanto fazia os acertos finais no tão aguardado sucessor do igualmente superestimado e subestimado Myths of the Near Future(2007).

Incumbidos pela imprensa britânica de carregar o pesado fardo de pioneiros do new rave, o grupo teve o azar de ser a promessa da vez no Reino Unido, em um ano em que a população mundial já se encontrava devidamente vacinada, contra as sucessivas febres fabricas pela mídia inglesa.
A essa altura ninguém fora da Inglaterra parecia se importar mais com Pete Doherty e seus problemas com a lei, e com a mesma rapidez que surgiu, o new rave foi descartado, levando consigo a infinidade de bandas igualmente descartáveis que bem ou mal, tiveram 14 minutos de fama a mais do que mereciam.
A grande perda da história, acabou sendo o Klaxons, que mesmo tentando no último instante renegar o título de capitão do navio, naufragou ao lado de uma tripulação que de fato nunca lhe pertenceu.

Algum tempo após liberarem a capa da NME para os próximos da fila, os músicos iniciaram a produção de seu novo álbum.
Ao longo de meses, as informações que vazam do estúdio sugerem um rumo musical um pouco diferente do esperado. O que quer que o vocalista Jamie Reynolds queira dizer, com o termo prog-doom, não parece agradar os executivos da Polydor, que rejeitam o material alegando que o mesmo é 'experimental demais para ser lançado' - o que quer que isso queira dizer hoje em dia.

E nos momentos de maiores dificuldades, realmente aparecem as ajudas mais improváveis, aqui sob a forma do produtor Ross Robinson, que em sua lista de antecedentes criminais, traz boa parte das bandas de nu-metal que já caminharam sobre a terra.

Méritos à parte, a parceria mais peculiar imaginável funcionou, e Robinson com seu estilo de produção direto e - talvez o que tenha aliviado bastante a gravadora - comercial, ajudou o grupo a se lembrar de sua fórmula, ao mesmo tempo em que viabilizou as novas experimentações, agora seguramente inseridas em um contexto definitivamente pop e vendável.

O resultado final da odisséia pode ser sentido em Surfing the Void: dance music executada por músicos de rock, dessa vez deixando o rock muito mais evidente que em seu disco de estréia.

Echoes abre o álbum de maneira muito mais imediata que seu predecessor. Trazendo uma sonoridade decididamente mais orgânica que nunca, o Klaxons se redefine como um autentico grupo de rock, rodeado por uma atmosfera dance que agora parece muito mais disposta a complementar que a roubar a cena.
A temática espacial/new age do primeiro disco permanece, como a capa deixa evidente.

Venusia, com seu ritmo galopante e tom apocalíptico, utiliza LSD como combustível para uma viagem interplanetária, e Extra Astronomical, neta orgulhosa do Pink Floyd não nega as raizes.
Ninguém imagina o que venha a ser o tal Flashover da música, ou então os tais silver discs, mas a questão não possui tanta importância a essa altura. Os Klaxons constroem seu mundo fantástico de maneira tão sólida, que estranho seria questionar sua veracidade.

A jornada é levada à fronteira final com Cypherspeed, sua faixa mais longa e experimental, dando uma prévia do que pode vir pela frente, caso a Polydor - agora certamente mais aliviada - permita em uma próxima viagem que o astronauta felino explore o espaço recém descoberto com maior liberdade.


Gênero: rock alternativo/dance-punk
Lançamento: Agosto de 2010
Produtor: Ross Robinson
Selo: Polydor
Para ter uma idéia, ouça Echoes, Valley of the Calm Trees e Cypherspeed.
Assista o video oficial de Echoes

24.8.10

Portugal. The Man - American Ghetto(2010)


Desde sua estréia em 2006 com o álbum Waiter: You Vultures!, Portugal. The Man se destaca não apenas como um dos mais criativos grupos da atualidade, como certamente um dos mais prolíficos.

Com a impressionante marca de 10 lançamentos oficiais em 4 anos - entre 5 álbuns, 4 EPs, um disco de versões acústicas e infelizmente nenhum registro ao vivo - o grupo natural do Alaska, evoca uma imagem muito mais conceitual do que sua sonoridade.
Passado o susto inicial com um nome que parece pertencer a um primo português do Animal Collective, discos com capas no mínimo desconcertantes e títulos idem, é surprendente o quanto seu rock psicodélico com elementos de blues, jazz e um quê de Flaming Lips soa acessível.

Anunciado 2 meses após o lançamento do elogiado The Satanic Satanist(2009), American Ghetto continua a explorar as possibilidades oferecidas pela tendência pop, assumidamente funkeada, adotada em seu predecessor.
As faixas encaixariam perfeitamente em Satanic, com a diferença que aqueles momentos mais experimentais, que fizeram falta no último disco, finalmente dão as caras por aqui, apoiados por um extenso uso de sintetizadores e drum machines.

The Dead Dog abre o disco com uma batida hip hop envolvente, e guitarras blues, apoiados por uma orquestra fantasmagórica de sintetizadores, que vez ou outra dão as caras até envolver por completo o grupo e revelar o papel fundamental que a eletrônica exerce no disco, seja como coadjuvante, ou mesmo protagonista, no caso do interlúdio que une a primeira faixa à terceira, a brilhante 60 Years.

Parecendo compartilhar com o Beck um apreço pelo groove da Motown, a faixa traz um sério candidato ao refrão mais grudento de 2010. Vez ou outra tomam rumos mais lisérgicos, quase esquecem o que estavam fazendo anteriormente - como no interlúdio onde sobra espaço até para incursões de sítara no melhor estilo Beatles - e de repente ops, onde eu estava mesmo? ah, motown, ok, e tudo termina bem.

E a medida que o disco se desenvolve, indo do space rock cheio de distorção de 1000 Years, ao dream pop com um pé na disco em The Pushers Party, o nome American Ghetto parece sempre cair como uma luva ao determinar o clima comum a todas as faixas, evocado por meio do groove, que caminha do hip hop ao funk e ao blues, com direito a uma escala de 3 minutos no dub com cara de rock progressivo de Do What We Do - outro ponto alto do álbum, explorando por meio de camadas, o amadurecimento vocal do frontman John Gourley.

Em uma entrevista, quando questionado quanto à facilidade do grupo em se re-inventar e lançar discos tão distintos em intervalos de 1 ano, o vocalista riu e comentou 'bom... mas é um ano inteiro!'.
Se American Ghetto representa o destino final, ou apenas um capítulo na extensa jornada da banda, só o tempo poderá dizer, e a julgar pela noção de tempo de Gourley, a resposta para essa pergunta pode aparecer mais rápido do que imaginamos. BZ


Gênero: neo-psicodélico
Lançamento: Maio de 2010
Produtor: Anthony Saffery
Selo: Equal Vision
Para ter uma idéia, ouça The Dead Dog, 1000 Years e The Pushers Party.
Assista ao video oficial de The Dead Dog

22.8.10

Melhores da Década: Interpol - Turn On the Bright Lights(2002)


"Surprise, sometimes, will come around..."

É com essas palavras que o novaiorquino
Interpol se apresenta em seu disco de estréia, Turn On the Bright Lights.
E se o excesso de cautela lhe soa estranho - e pretenciosamente despretencioso - talvez na época do lançamento do disco, sua atenção estivesse voltada para um outro ilustre grupo de Nova York, e seu álbum de estréia - este sim com um título carregado de falsa modéstia -
Is This It?.

Surgindo mais ou menos 1 ano após a estrondosa aparição de seu nêmesis - o quinteto empossado pela crítica musical com a missão de "salvar o rock n' roll" - o Interpol sabia o quão cauteloso deveria ser antes de prometer surpresas ao público.

Com apenas 6 versos e desprovida de um título, a faixa de abertura parece ter por finalidade anular qualquer predisposição do ouvinte a esperar por uma segunda - ou terceira? - vinda do messias.
Se o rock n' roll precisa ou não ser salvo, definitivamente essa não é uma questão que incomoda o grupo, que prefere ser mais modesto, e anunciar a segunda vinda do pós-punk britânico de grupos como Joy Division e Echo & the Bunnymen.

Esse revival, posteriormente uma tendencia adotada por diversos grupos ao longo da década, parece ter sido definido com maestria no carro chefe do disco Obstacle 1.
Ao longo de seus 3 minutos, a faixa explica de maneira detalhada como o grupo trouxe o estilo protegido em seu caixão da Inglaterra para Nova York, e que tipo de alterações comportamentais o mesmo incorporou ao se ver livre na Big Apple.

Faixas como NYC e PDA continuam a revelar diferentes facetas do grupo, sempre noturno, sempre desperto, tal qual a cidade que habita, e que parece definir tão bem em sua música.
Say Hello to the Angels surge carregada de tensão claustrofóbica, para então se resolver em um pop brilhante, e carregado das surpresas prometidas anteriormente.

O disco parece por vezes caminhar rumo aos primeiros raios de sol, como na introspectiva Hands Away. Mas ainda é cedo para um grupo que parece capaz de parar o tempo às 4 da manhã, e isso fica claro quando a temperatura volta a subir em Roland, até atingir seu clímax no instrumental lisérgico de The New.

Nos anos seguintes, o Interpol seguiu lançando bons discos, se estabeleceu como uma das grandes bandas dos anos 2000, e encontrou entre aqueles indiferentes ao salvamento do rock um público fiel.
Tudo sem nunca prometer mais do que algumas boas surpresas. BZ


Gênero: pós-punk
Lançamento: Agosto de 2002
Produtor: Peter Katis, Gareth Jones.
Selo: Matador
Para ter uma idéia, ouça
Obstacle 1, PDA e Leif Erickson
Assista o video oficial de
Obstacle 1

16.8.10

Serena-Maneesh - N°2: Abyss in B Minor(2010)


Quando o Serena-Maneesh foi apresentado ao mundo em meados de 2006, abrindo os shows das turnês européias do Oasis e do Nine Inch Nails, a Noruega já sofria há mais de meia década com o Ragnarok shoegazer promovido pelo grupo.

O apocalipse sonoro criado pela banda e seus incontáveis colaboradores - que em louváveis momentos de simplicidade, revelava influencias de grupos como My Bloody Valentine e Primal Screen , mantendo ainda um pé firme nos anos 70 - encontrou no hiato de 5 anos entre seu álbum de estréia e o novo, o tempo necessário para se confinar em uma caverna nos arredores de Oslo, transforma-la em estúdio, e pôr ordem na casa.

O resultado aparece sob o nome de N° 2: Abyss in B Minor, que ao contrário do que o título parece evocar, revela uma banda mais coesa, livre dos excessos do primeiro disco tanto em número de integrantes, quanto na própria duração do álbum.
Reduzido a seus 5 músicos principais, a bi-polaridade do grupo que atraiu a atenção de lendas do industrial e do britpop, se revela melhor controlada.

E isso não deve ser interpretado como um abandono ao psicodelismo, ou sua estética por vezes próxima de uma jam session. Ao contrário, a mesma aparece melhor desenvolvida, revelando em faixas como a climática abertura do disco, Ayisha Abyss, até que ponto o grupo consegue em pouco mais de 7 minutos explorar sonoridades mais diversas que nos quase 60 do disco de estréia.

Existem diversas armadilhas espalhadas pelo disco. Faixas como I Just Want to See Your Face Again ou D.I.W.S.W.T.T.D., apresentam melodias bonitas, mas algo parece fora de lugar. O grupo faz questão de manter a tensão mesmo em seus momentos mais radiofônicos, e ouvintes interessados na segurança amigável do easy listening, devem se distanciar da bela e etérea voz de Lina Holmstroem, que parece compartilhar com as sereias o costume de conduzir marinheiros de primeira viagem da calmaria à tormenta, e sem aviso prévio.

Outras faixas no entanto, não parecem ter a mínima vontade de esconder seu lado negro, como a densa Honey Jinx - prima nórdica de Scarecrow, do Ministry - ou Blow Yr Brains in the Morning, que soa como o mais bizarro pesadelo que um membro do Oasis poderia ter.

Certa vez o líder e principal compositor do grupo, Emil Nikolaisen, foi questionado quanto ao significado do nome de sua banda. Pouca gente entendeu, mas sua explicação demorada e repleta de metáforas, trazia a chave para se entender a natureza do grupo não em seu conteúdo, mas eu sua forma: às vezes, menos realmente significa mais, e aqui quanto menos explicações forem dadas, melhor. BZ


Gênero: Shoegazing, rock alternativo, noise pop
Lançamento: Março de 2010
Produtor: Emil Nikolaisen
Selo: 4AD
Para ter uma idéia, ouça Ayisha Abyss, I Just Want to See Your Face eMagdalena (Symphony #8).
Assista o video oficial de I Just Want to See Your Face.

11.8.10

HTDA - How To Destroy Angels(2010)


Dentre os diversos fatores que levam uma banda de renome a encerrar suas atividades, talvez o mais comum seja o agravamento de diferenças criativas e pessoais entre seus integrantes. Quando o grupo em questão nada mais é que o nome artistico de um certo Trent Reznor, muitas questões são levantadas. Assim como grandes expectativas.

Maior expoente do rock industrial nos anos 90, o Nine Inch Nails - como Trent costumava ser conhecido até o ano passado - explorou diversos rumos ao longo de seu período de atividade.
Desde sua estréia com o synthpop obscuro de Pretty Hate Machine(1989), Reznor incorporou o art rock em The Downard Spiral(1994), e o rock progressivo, no duplo, denso e pinkfloydiano The Fragile(1999), mantendo no entanto, uma fidelidade quase obsessiva a certos elementos, que serviram como marca de autenticidade em cada projeto com o qual se envolvia.

Tanto preciosismo em entregar discos superproduzidos, que mobilizavam ao longo de anos dezenas de músicos, artistas plásticos, sound designers e o próprio Reznor - que a certa altura se mudara de vez para dentro do estúdio - refletiu em uma subita mudança de rumo tomada na década seguinte.

Optando por deixar a parafernália do estúdio de lado para compor - e gravar - com seu laptop, Year Zero(2006), marca uma nova fase tomada pelo minimalismo, o emprego excessivo de noise e o flerte com a IDM de grupos como Aphex Twin.
Daí em diante Reznor passa a lançar discos quase anualmente, e a apresentar uma esquizofrenia que gera álbuns quádruplos instrumentais em um ano, e no seguinte, seu derradeiro trabalho The Slip(2008), cuja única pretenção parece ser a de soar o mais despretencioso possível.

Ao anunciar seu novo projeto, era natural que uma grande expectativa o antecipasse.
- Em que consistiria o disco que não se encaixava mais em um rótulo que já havia permitido todas as re-invenções possíveis?

A resposta a essa pergunta, surge sob o nome de HTDA - seguindo a predileção de Reznor por acrônimos - e traz o músico ao lado de seu colaborador de longa data Atticus Ross, e sua atual esposa Mariqueen Reznor nos vocais.
Basicamente o que se ouve no EP de 6 faixas é a sonoridade familiar aos últimos discos do NIN, dessa vez tendo como inovação um vocal feminino, que diga-se de passagem, deixa muito a desejar.

O disco abre com a carregada The Space in Between, que instrumentalmente prossegue do ponto em que Reznor havia parado. O interessante dos vocais, que provavelmente é a razão de tanto incômodo quando surgem, é o fato de parecerem ser perfeitos para a voz de Reznor. Confesso que enquanto ouvia a música, decidi imaginar a substituição, e só aí melhorei minha posição quanto ao pontencial da mesma.

Existem bons momentos no EP, que por mais simplório que seja, é fruto de músicos criativos e competentes, que com um talento louvável para salvar barcos naufragando, abordam desde o noise mais caótico em Parasite, ao electro clean e dançante em Fur Lined.
BBB traz um dueto de Reznor e Mariqueen, e nessa faixa ela parece finalmente se sentir mais à vontade, em um desempenho que com um pouco de boa vontade, pode até mesmo ser descrito como sexy.

The Believers poderia ser facilmente confundida com uma faixa perdida de Year Zero - e talvez seja - com seus barulhos dispersos e seu interlúdio psicodélico, onde um sintetizador é programado em tempo real até se transformar em uma máquina de pimbal, e mais uma vez revela os vocais de Reznor em segundo plano, sempre prontos para dar um suporte à esposa.

O disco consegue se salvar no final com A Drowning.
Livre de experimentos fora de controle, ela mantém uma estrutura simples, ainda que bem acabada, apoiada em um piano sustentado por belas texturas, que crescem até dar abertura ao riff de guitarra que, talvez, represente o melhor momento do disco.
Dentre todas as faixas, essa provavelmente possui o desempenho mais inexpressivo de Mariqueen. Felizmente Atticus e Reznor conseguem mais uma vez salvar a música, direcionando a atenção do ouvinte para o instrumental, e encerrando o disco com a impressão de que ainda que nada inovador, o projeto possui boas chances se um divórcio - musical - sair a tempo. BZ


Gênero: pós-industrial/dark ambient
Lançamento: Junho de 2010
Produtor: HTDA
Selo: The Null Corporation
Para ter uma idéia, ouça The Space in Between, The Believers e A Drowning
Assista o video oficial de The Space in Between